O Encontro estava programado
para começar na sexta, mas começou muito antes com a chegada de nossos amigos
goianos na cidade que não para. Após fazermos um passeio pelo centro da cidade,
discutimos, ao som dos impressionistas, regado de muito café pessegueiro, as
vivências waratianas dentro das Casas já construídas...
SEXTA
– 07/09
Sexta chegou com muitas
borboletas na barriga e uma expectativa de cortar o peito, do encontro com os
que há muito não víamos, do conhecer daqueles que, até então, eram uma foto
virtual na rede. Foi fácil achar o grupo no vão livre do MASP, habitado por
nada menos que uma gigantesca centopeia humana e gritos de diferentes cartazes.
Dinâmica de abertura |
Foram cinco roteiros para
ajudar no exercício do flanar, questionando os waratianos quanto às cores da
cidade, suas árvores, suas artes, seus cheiros, seus moradores... Após 2 horas
de andanças, o reencontro se deu na Casa das Rosas, com toda sua cor, sombra e
frescor, naquele dia de calor.
A roda foi se formando aos
poucos, conforme a chegada dos grupos. Cada um discutindo suas experiências com
os parceiros, mas ainda curioso com o outro. Momento das apresentações e da
pergunta, como chegou até aqui? Após emocionantes relatos, desabafos e
partilha, seguimos para o Centro Cultural São Paulo, num vagão de metrô que
transbordava sensibilidade.
A roda da Casa das Rosas |
O diálogo foi naturalmente
se encaminhado para o tema do nosso Café
Filosófico: Cidade e Sensibilidade. Leopoldo Fidyka, com seu portunhol cativante
e Wilson Levy, que resolveu deixar o anteriormente preparado de lado, nos
contaram sobre o desafio waratiano de sensibilizar e humanizar essa cidade de
concreto que nos deixa diariamente mais desumanizados.
Após muitas reflexões e
construção coletiva, seguimos para a Augusta, comemorar nossos (re)encontros,
num vagão que agora, além de sensível, cantava. No meio de porções e cerveja,
num canto de Minas, surge, com coragem, a Casa
Warat Sul.
Amigos, coragem! |
Seja a mudança que deseja ver no mundo... |
Seguimos, então, para o
labirinto do encontro, com eu, tu, eles de andanças na exposição que habitava o
edifício Copan. Fomos seguindo pelo centro de São Paulo até chegar ao Café
Girondino, ponto de comidas gostosas, foi sim.
Mas nosso debate se deu no Mosteiro de São Bento, e não haveria de faltar um. Na sala ao lado da fonte, na primeira Faculdade de Filosofia do Brasil, tiramos os sapatos e sentamos em roda para ler a Entrevista imaginária a Luis Alberto Warat, por Leopoldo Fidyka, discutindo temas sobre educação, pedagogia, sensibilidade e alteridade.
Dialogamos e reencontramos a esperança da nossa prática diária nas palavras do mestre que nos ensinou, mais do que teorias, o amor. Era chegada a hora, então, do nosso cabaret carnavalizado... Seguimos.
Depois de muitas horas de
preparo, subimos ao topo do prédio na avenida que não é feita só de concreto,
mas também de poesia, e fez-se o nosso Sarau
de encerramento em meio às cores de um “waral” repleto de deseo. No metro imaginário, nos
esprememos em busca das razões que nos unem para além do espaço físico.
Enxergamos a luz na sombra que ali habitava, mostrando, poeticamente, todo o
amor e saudade que ali se encontrava.
O sarau... |
O dia amanheceu ao som de
Petrolina e Juazeiro e, enquanto alguns dormiam os sonhos dos bons, outros viam
o arcoirizar carvalizado do nascimento de um novo sol, de um novo encontro.
DOMINGO
– 09/09
Foto de Leopoldo Fidyka |
Um pouco cansados dos
colchões infláveis, já sentindo um aperto no peito da próxima partida, domingo
fomos à Pinacoteca não querendo a despedida. Foi um momento de Balanço, traçando as Metas para nosso próximo encontro, que
mais do que uma pontualidade, seria resultado de uma construção ao longo dos
meses, num vínculo de amizade, coletividade e amor, que ali se consolidava...
Após duas semanas de
correria, lembro-me do nosso Encontro e meu coração se tranquiliza, pois sei
que, mesmo estando um pouquinho longe, temos muitos cronópios (e porque não
também, famas) que se importam com o outro e se empenham, diariamente, na
sensibilização dessa vida que se não vivida para a construção coletiva de uma
sociedade melhor, de nada vale.