sábado, 14 de maio de 2011

Manifestação que "carnavalizou" São Paulo no dia de hoje!


Hoje um protesto organizado via facebook "carnavalizou" um pouco a cidade de São Paulo!

Alguns moradores do bairro nobre de Higienópolis quererem vetar a construção de uma estação de metrô... Dentre outras "justificativas", dizem que isso levará "gente diferenciada"ao local... Um eufemismo para "pessoas pobres"...

De forma bastante humorada e inusitada, organizaram o "churrascão da gente diferenciada"... O evento foi criado e divulgado através do facebook, e centenas de pessoas foram ao local protestar...

O ato, de maneira simbólica e também carnavalizada, quis subverter a ordem das coisas, tentou dar voz às pessoas agredidas com a fala preconceituosa daqueles que pretendem criar nichos na cidade, verdadeiras bolhas acessíveis somente a alguns poucos, sem lembrar que o espaço público deve ser ocupado de forma democrática e que todos possuem o direito fundamental à cidade...

Vocês podem conferir algumas fotos em:

http://www.flickr.com/photos/jaquesena


domingo, 8 de maio de 2011

Primeiras impressões: Materialismo Mágico


Em 19 de abril estreiou a exposição do pintor Maurits Cornelis ESCHER no Centro Cultural Banco do Brasil, que fica no centro da cidade de São Paulo. Faz anos que conheço suas obras e observo, atenciosamente, a mágica de Escher com seu surrealismo matemático que explora o impossível e o infinito em formas geométricas quase tateáveis.

Ao conhecer a obra intitulada "Materialismo Mágico" de Warat, a relação com o pintor Escher foi quase automática. A obra "Cascata" de Escher, mostrada acima, foi a imagem perfeita para ilustrar o título de Warat em minha apostila encadernada. Ora, bastava observar atentamente o quadro que se vê a água subindo e caindo em cascata, de forma natural. E mágica. Escher consegue materializar o mágico, o impossível, o irreal.

Porém, ao ver a exposição de Escher, tive a oportunidade de perceber também grandes diferenças entre os autores. Um diálogo continuava se travando em minha cabeça, cada vez mais dialético.

Escher queria explorar o mundo de forma equilibrada e simétrica. Ao ver o caos instalado na realidade do dia-a-dia, focava-se nas formas geométricas perfeitas, acabadas, para assim retratar um surrealismo perfeito, que consegue trazer a equação da geometria para o mundo real, assimétrico, desconcertado. O autor explica que não há nada mais bonito numa forma geométrica e tentava se focar em gravuras geométricas para assim organizar, ao menos, o seu mundo. Em uma de suas obras, intitulada "Ordem e Caos" (Order and Chaos, ao lado), fica claro tal contraste.

Apesar de Warat falar da mágica do surrealismo, tal surrealismo seria de um delírio real. Busca na expressão "materialismo mágico", uma sensibilização concreta. Em suas palavras: Para o movimento surrealista de arte e direito, o importante é tratar de unir ou articular os dois movimentos, unificá-los dialogicamente e pensar que a transformação das condições materiais de existência dependem de uma transformação simultânea das condições de produção da subjetividade; que por sua vez, não poderá se concretizar plenamente se não se modificar, conjunta e de modo uníssono, as condições materiais de existência. Com fome e miséria é difícil modificar a subjetividade, levá-la rumo à autonomia. E se não nos dirigimos e lutarmos para alterar nossas condições de produção da subjetividade, não poderemos superar a fome, a exclusão e a existência de gente tratada como inexistente, gente que inclusive não tem ela mesma consciência de sua existência.


Warat produz, portanto, seu materialismo mágico partindo do mundo desconcertado que grita por sensibilização. Tal pedido pode ser concretizar pela Arte. E com a materialização da sensibilidade, conseguiríamos alterar o caos cotidiano.

Minha comparação com Escher soou equivocada a partir de tais conclusões. Ora, Escher e Warat eram opostos em suas obras! Porém, conversando com a Jaqueline (CWSP), fui lembrada de um conceito que Warat gostava muito, de Bakhtin, que falava que a obra, depois de pronta, não é mais do seu autor... ela é do mundo, e por isso, pode assumir os mais variados sentidos. A intertextualidade de Bakhtin, inspirou os modernistas com a antropofagia, e o conceito da carnavalização, foi pegado emprestado por Warat e inserido em seu pensamento jurídico.

Mantive, assim, minha capa do Materialismo Mágico e os autores apertaram as mãos em minha cabeça, numa complementaridade necessária e carnavalizada e, independentemente dos motivos, na eterna busca pela Arte.


terça-feira, 3 de maio de 2011

Nosso apoio: Casa Warat Goiás no evento da ABEDi - Sudeste

Belo Horizonte, 13 de abril de 2011

Prezados Abedianos,

Comunico a todos que na data de 11 de maio de 2010, em Montes Claros-MG, será ministrada a oficina "Entre o Direito e a arte: a proposta da Casa Warat", consoante programação do Congresso da Associação Brasileira de Ensino do Direito (ABEDI), sediado pela ABEDI Minas, a qual está sendo organizada pelos seguintes integrantes:

Eduardo Gonçalves Rocha
Professor Assistente da Universidade Federal de Goiás

Paulo Dante Neto
Estudante da Universidade Federal de Goiás

Nádia Alves Pinheiro
Estudante da Universidade Federal de Goiás

Jordana Ribeiro de Ávila
Estudante da Universidade Federal de Goiás

Contamos com a participação de todos, visto que tal atividade é imprescindível para a reflexão acerca da EDUCAÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA que este Congresso almeja realizar.


Cordialmente,

Luciana Cristina de Souza
Coordenadora do Núcleo Estadual da ABEDI em Minas Gerais
(ABEDI Minas)

domingo, 1 de maio de 2011

Do manifesto do surrealismo... ao manifesto do surrealismo jurídico!

"Juntar o Direito à poesia já é uma provocação surrealista. É o crepúsculo dos deuses do saber. A queda de suas máscaras rígidas. A morte do maniqueísmo juridicista. Um chamado ao desejo. Um protesto contra a mediocridade da mentalidade erudita e, ao mesmo tempo, um saudável desprezo pelo ensino enquanto ofício. É recriar o homem provocando-o para que procure pertencer-se por inteiro, para que sinta uma profunda aversão contra as infiltrações de uma racionalidade-culposa e misticamente objetivista, convertidade em 'gendarme' da criatividade, do desejo, assim como de nossas ligações com os outros.

A poesia possibilita-lhe isso. Traz em si a visceral compreensão das limitações que padecemos, colocando em evidência a ordem artificiale mortífera de uma cultura impregnada de legalidades presunçosas. Ela pode servir para despertar os sentidos e os desejos soterrados e desencantados por séculos de saberes, preocupados, estes, em garantir todo e qualquer tipo de imobilismo. Praticando a poesia, teremos a possibilidade de fazer triunfar o desejo sobre o bom senso e os bons sentimentos, deixando-nos, assim, sem ouvidos para os chamados valores nobres e verdadeiros, aqueles que sacralizam, com civismo, o amor ao poder. É o desejo destruindo de um só golpe os Deuses e os Patrões. É a semente da subversão onde menos se espera encontrá-la: a lanterna mágica do desejo.

(...)

Para o surrealista, o absurdo não tem uma conotação pejorativa: é a forma de protesto que se opõe ao jogo do coerente, do lógico e do demonstrado, categorias empregadas como critérios incontrovertíveis de verdade nos grandes relatos que a ciência produz para imaginar o mundo.

No surrealismo, o absurdo reitera a necessidade de múltiplas compreensões do mundo. O absurdo surrealista é uma saída espontânea para procurar a voz humana no meio dos poetas, no meio dos desejos.

Declarar, afirma Breton, que a razão é a essência do homem, já é dividi-lo em dois, coisa que a tradição clássica nunca deixou de fazer. Esta, acrescenta, distinguiu no homem o que é razão, e que, por isso mesmo, é verdadeiramente humano, e o que não é razão, e que, por esse fato, parece indigno do homem: instintos, sentimentos e desejo. Um corte mortalmente perigoso e onipotente que o surrealismo pretende surpreender em suas faltas, chamando a poesia.

Valendo-se da poesia, o surrealismo mostra sua firme intenção de derrubar as margens estreitas do racionalismo, sacudindo-nos, ao mesmo tempo, para que despertemos de nossas ilusões e dependências em relação a todas as convenções vigentes." (LAW)

(continua...)